domingo, 1 de agosto de 2010

Regressão de lesão periapical

O princípio terapêutico de qualquer doença inflamatória geralmente caracteriza-se pela identificação e eliminação da causa. No caso dos granulomas periapicais com o tratamento endodôntico adequado caracterizado pelo preenchimento do canal radicular e, se possível, dos canais acessórios, haverá a eliminação do agente agressor representado pela microbiota do canal radicular infectado. As bactérias e seus produtos que porventura permaneçam em pequena quantidade, frente ao potencial agressivo inicial, tendem a ser neutralizados pelos produtos empregados na terapêutica endodôntica, fundamentada no preparo biomecânico, juntamente com a solução irrigadora, antibióticos e especialmente do hidróxido de cálcio.
Em 60 a 70% dos casos de tratamento endodôntico de dentes com necrose pulpar e lesão periapical crônica o sucesso caracteriza-se pela regressão da lesão ao longo de alguns meses do ponto de vista radiográfico. Porém, o processo de ossificação e reorganização tecidual periodontal apical inicia-se assim que terminado o tratamento endodôntico adequado. O exsudato inflamatório em alguns dias será reabsorvido pelas células inflamatórias juntamente com restos teciduais, celulares e microbianos. As células inflamatórias darão lugar em alguns dias e semanas às células jovens e proliferantes advindas dos tecidos vizinhos como o ligamento periodontal e o endósteo. Espera-se que ao longo de 3 a 4 semanas o tecido esteja em franco processo de reorganização estrutural e o componente inflamatório reduzido a pequenos focos com a finalidade de limpeza destas regiões. Sem os mediadores do processo inflamatório as unidades osteoremodeladoras e seus clastos são desmobilizadas e as superfícies reabsorvidas voltam a ser recobertas por cementoblastos proliferantes das áreas vizinhas, voltando a formar tecido cementóide ou osteocemento, reinserindo fibras periodontais para restabelecer uma normalidade funcional ao periodonto apical. Entretanto, apenas depois de alguns meses radiograficamente a região pode voltar ao “normal”. (IN: DENTAL PRESS)

Caso Clínico:

Histórico: Homem, 32 anos. Chegou ao consultório encaminhado para fazer o tratamento endodotico do elemento 36. Não relatava dor e não tinha nenhuma alteração clinica visível. O teste de vitalidade pulpar deu negativo.

Radiograficamente: Observou uma lesão cariosa extensa na distal da coroa. Observou-se a ausencia da integridade da lamina dura e uma discreta lesão radiolúcida na raiz dista.


Tratamento proposto: Tratamento endodontico em 2 sessões.
Instrumentação manual final: Biomecânica lima 40 Distal, 35 Mesiais.
Solução de hipoclorito a 5,25%.
Medicação sistemica: Amoxicilina 500 mg por 7 dias.

Técnica de Obturação: Híbrida de Tagger com cimento endodontico Endofill (Dentsply).

Após 8 meses paciente voltou para fazer um preparo de conduto e notou-se a presença de lâmina dura integra e ausência de alteração periapical.