terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Apicectomia com instrumentação e obturação do canal radicular simultânea ao ato cirúrgico.

Quando o tratamento endodôntico convencional fracassa, a primeira opção é o retratamento do mesmo, porém quando não é obtido resultados satisfatórios para que se contenha a presença e proliferação de microrganismos na porção do ápice e periápice a cirurgia parendodôntica é tida como uma forma de solucionar estes problemas. Com o avanço da Odontologia, as cirurgias parendodônticas são realizadas com uma maior segurança, refletindo assim em maiores casos de sucessos e tornando uma modalidade de tratamento viável para a manutenção do elemento dentário na boca do paciente sendo indicada em casos de não obtenção de sucesso nos tratamentos convencionais, em situações em que o dente apresente um instrumento fraturado no conduto radicular, desvio no preparo do canal radicular, patologias nos tecidos periapicais e perfurações que não pôde ser corrigida com o tratamento endodôntico convencional. Este tipo de manobra cirúrgica, também favorece o trabalho do profissional no caso de estabelecimento de drenagem, alivio de dor, casos de complicações anatômicas, traumatismos, presença de pinos radiculares e coroas protéticas, calcificações pulpares, falhas de tratamentos prévios ou em andamento, problemas periodontais e em casos de necessidades de biopsia.

A realização da cirurgia Parendodôntica pode ser contra indicada por ordem local ou geral. Por ordem local quando é possível corrigir o problema apenas com o tratamento endodôntico convencional ou retratamento, e quando há impossibilidade de acesso cirúrgico por suporte periodontal insuficiente, processos patológicos em fase aguda e risco de lesar estruturas anatômicas. Por ordem geral se dá quando o estado de saúde geral do paciente se encontra debilitado e quando há comprometimento sistêmico.


As modalidades cirúrgicas para a realização da cirurgia parendodôntica são: curetagem periapical, apicectomia, apicectomia com obturação retrograda, apicectomia com instrumentação e obturação do canal por via retrograda e a obturação do canal radicular simultânea ao ato cirúrgico. (CIRURGIA PARENDODÔNTICA ASSOCIADA A ENXERTO ÓSSEO COM BIOMATERIAL (Bio Oss® Collagen) – Relato de Caso. In: www.mastereditora.com.br)

Caso clinico:
Histórico: Mulher, 24 anos. Chegou ao consultório relatando dor e apresentando um edema na região do dente 22.

Radiograficamente: Foi observado um tratamento endodôntico anterior insatisfatório, desvio no trajeto original do canal radicular e obturação aquém do limite apical. Foi observado uma calcificação do canal radicular. Foi observado uma lesão radiolucida envolvendo os dentes 22 e 23.


Tratamento proposto: Retratamento endodôntico do incisivo lateral, com a tentativa de localizar trajeto do canal radicular e/ou apicectomia com instrumentação obturação do canal radicular simultânea ao ato cirúrgico. Foi pedido uma radiografia com técnica de localização topográfica (Técnica de Clark), para avaliar a posição do desvio.


Foram feitas 2 sessões para tentativa de localização do canal radicular, sem sucesso. Encaminhando a paciente para a cirurgia parendodôntica.


Foi realizado a reabertura coronária do dente, com a finalidade de conseguir transpassar a lima endodontica no sentido ápice coroa. Seguindo o protocolo cirúrgico, foi realizado uma profilaxia antibiótica preventiva, com administração de 2g de amoxicilina via oral, uma hora antes do procedimento. Foi realizado antissepsia extra oral com PVPI (Polivinilpirrolidona 10 % + Iodo 1 %) e bochecho com clorexidina a 0,12%.
Realizou então a anestesia onde foi feita o bloqueio dos nervos alveolar superior anterior e anestesia infiltrativa local pela vestibular e pelo palato, utilizando mepivacaina a 2% com vasoconstritor, com lâmina de bisturi 15c, realizou-se então a incisão semilunar. Foi realizado rebatimento total do retalho, onde constatou-se clinicamente que a lesão periapical já havia
rompido a cortical óssea vestibular. Realizou-se a curetagem da lesão com cureta de Lucas e fresas cirúrgicas, removendo totalmente o tecido de granulação. Foi observado também o rompimento da cortical óssea palatina.


Foi então realizada a apicectomia com uma broca Zecrya nos elementos 22 e 23.


No elemento 22 foi introduzida uma lima endodôntica Tipo k #15, dobrada com auxílio de um porta agulha, com angulo de 90° a partir da haste. Foi pressionada no sentido coronal até romper a calculo que impedia a passagem da lima no sentido coroa-ápice.
Foi realizado então o tratamento endodôntico convencional.
Instrumentação rotatória: Limas Easy pro-designe.
Instrumentação Manual: Biomecânica final com lima tipo K: #45.
Solução irrigadora: Clorexidina 2%.
Técnica de obturação: Hibrida de Tagger com cimento endodôntico Endofill. Com extravasamento.


Realizou o condicionamento da loja óssea com cloridrato de tetraciclina (50 mg/ml) por 2 minutos.


Foi feita a desobturação de 4 mm da porção apical com o uso de ultrassom com inserto Trinks: TRI21 D-A5.


Manipulou-se o MTA e o mesmo foi inserido e condensado no orifício preparado pelo inserto do ultrassom.


Por escolha da paciente optou-se apenas pela colocação de membrana de colágeno por cima do coagulo.


Foi feita a sutura.



O material coletado durante a curetagem foi enviado ao laboratório do CGDB-UFG, que deu como resultado: Granuloma periapical inflamatório.



Paciente retornou para consulta de proservação após 18 meses.






Agradecimento ao Prof. Dr. Leandro de Carvalho Cardoso, cirurgião buco-maxilo-facial, que realizou a parte cirúrgica do tratamento.