quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Retratamento endodontico, reparo de tecido peripical.

O processo de reparo dos tecidos perirradiculares, após o tratamento endodôntico, pode sofrer a influência de diversos fatores gerais ou locais. Os fatores gerais envolvem elementos relacionados à idade, distúrbios metabólicos, nutricionais e presença de doenças infecciosas. Os fatores locais, considerados de maior relevância que os anteriores, estão relacionados à presença de infecção pulpar e de inflamação no periápice, existência de anormalidades anatômicas radiculares e fatores oriundos do próprio tratamento endodôntico.

A evolução do processo de reparo varia de acordo com o tipo de periapicopatia, apresentando caráter granulomatoso ou cístico.

Nos dentes não portadores de granulomas ou cistos, o processo de reparo evolui da seguinte forma: a presença de reação inflamatória na região periapical amplia o processo de reabsorção óssea e cementária, resultando na destruição das fibras colágenas apicais e perda de inserção. O processo inflamatório, de modo geral, regride após o tratamento endodôntico, restabelecendo as condições para a neoformação de cemento, de tecido ósseo e para regeneração do ligamento apical. Em nível do forame apical e junto ao material obturador, forma-se tecido conjuntivo fibroso ou tecido mineralizado (semelhante ao cemento).

Na presença de lesões apicais tipo granuloma ou cisto, o processo de reparo evolui mais lentamente, através da substituição gradual do tecido granulomatoso por tecido fibroso. Nas lesões císticas de origem inflamatória dental, ocorre a reparação apenas com o tratamento endodôntico, não sendo necessária a cirurgia perirradicular complementar. (Felipe Davini)

Caso Clínico:

Histórico: Mulher, 39 anos. Chegou ao consultório com uma fístula na altura do elemento 22, sem sintomatologia dolorosa.
Radiograficamente: Foi observado, um tratamento endodontico prévio insatisfatório e uma imagem radiolúcida, na região periapical do elemento 22.


Tratamento Proposto: Retratamento endodontico com trocas bimestrais de Hidróxido de Calcio.
Após 2 meses de Ca(OH)² +PMCC+Iodoformio
Após 4 meses de Ca(OH)² +PMCC+Iodoformio
Após 6 meses de Ca(OH)² +PMCC+Iodoformio
Após 8 meses de Ca(OH)² +PMCC+Iodoformio
 Instrumentação rotatória: Desobturação com limas protaper: D1, D2, D3. Reinstrumentação: Limas protaper. Biomecânica Final: lima k 60.
Solução de hipoclorito a 5,25%.
Técnica de obturação: Técnica de condensação Híbrida de Tagger com cimento endodontico Endofill (Dentsply).
8 Meses depois do início do tratamento endodontico.

Após 13 meses do início do tratamento e 4 meses após a obturação.
                                                Raio-x Inicial                 Raio-x de proservação 13 meses.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tratamento endodôntico de pré-molar inferior com curvatura grau 3.

O preparo químico-cirúrgico tem como objetivo a modelagem e a sanificação, valendo-se de instrumentos endodônticos e substâncias químicas auxiliares da instrumentação, atuando no sistema de canais radiculares, estrutura orgânica e inorgânica, proporcionando limpeza e desinfecção do espaço anteriormente ocupado pela polpa, como também, conformação cônica contínua, com maior diâmetro cervical e menor apical, mantendo o forame na forma e posição originais, facilitando a realização da obturação hermética e tridimensional (SHILDER, 1974).
A complexidade da anatomia interna (PINEDA, VERTUCCI, WEINE, HESS, BRAMANTE) e a distribuição dos microrganismos (SHOVELTON) constituem um dos maiores desafios da Endodontia, principalmente quando relacionados aos canais curvos.
Não obstante, concrescências, anfractuosidades e atresias normalmente fazem parte das peculiaridades dos molares, principalmente os curvos (SCHNEIDER).
Entretanto, o franco acesso do instrumento à zona crítica apical e o preparo do canal é um procedimento recoberto de dificuldades, que na maioria das vezes, resultam em acidentes, entre outros, desgastes excessivos na zona de perigo, com ou sem perfuração (ABOU-RASS), forma de ampulheta no canal, com menor diâmetro na porção média do canal (BUCHANAN), degraus, desvio apical durante o preparo com ou sem perfuração (AL-OMARI; SOUTHARD), além da possibilidade de fratura dos instrumentos, devido às tensões proporcionadas pelas curvaturas, como também, o diâmetro, desenho da ponta, flexibilidade do instrumento e a técnica de instrumentação utilizada, variações da dureza dentinária e obstruções do canal por meio de raspas de dentina e conseqüentemente perda do comprimento de trabalho, sinalizam o insucesso da terapia endodôntica.
Muitos pesquisadores desenvolveram, nas duas últimas décadas, variações técnicas nos preparos dos canais radiculares curvos a partir das considerações anatômicas e suas repercussões supracitadas, com especial atenção à técnica do preparo cervical (MARSHALL; PAIVA; LOPES).
O preparo cervical pode ser definido pela ampliação do diâmetro na entrada e terço cervical do canal, criando acesso retilíneo aos terços médio e apical, proporcionando um desgaste anticurvatura, direcionado às zonas volumosas ou zonas de segurança. Consiste numa alternativa para superar a influência da curvatura apical, a partir do desgaste compensatório.
É proposição dos autores apresentar uma técnica simplificada para o preparo de canais curvos, utilizando técnicas capazes de contornar problemas relativos à presença de curvaturas e dificuldades inerentes. (In:TÉCNICA SIMPLIFICADA PARA O PREPARO DE CANAIS CURVOS)


Caso Clínico:

Histórico: Homem, 52 anos. Chegou ao consultório com dor, relatando possivel fratura do elemento 35. Ao exame clínico, observou uma fratura vertical da coroa, em bisel, envolvendo a coroa do meio até a vestibular no sentido vestibulo lingual. Observou-se a exposição da polpa coronária.
Radiograficamente: Foi observada na radiografia area radiolúcida na coroa e uma curvatura acentuada na raiz do elemento 35, na região do terço médio.
Tratamento Proposto: Tratamento endodontico em sessão única.

  
Instrumentação rotatória: Limas Easy Pró-designe 20/03. Biomecânica Final: lima flexofile 25.
Solução de hipoclorito a 5,25%.

Fratura do instrumento manual 15 antes da obturação.

Técnica de obturação: Técnica de condensação vertical aquecida ( Schilder 1967).
Cimento endodontico: Endofill (Dentsply)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ápice anatômico X Ápice Radiográfico

Uma das discussões mais pertinentes no tratamento do canal radicular é qual a distância ideal entre a ponta do instrumento e o ápice dentário. No tocante à extensão dos canais radiculares,a precisa exploração e odontometria constituem o alicerce de todas as etapas operatórias subseqüentes do tratamento endodôntico.
Embora nesta fase vários pontos da coroa dentária possam ser utilizados como referencial oclusal, o mesmo não se pode dizer do referencial apical, que deve ser único e exato, o forame apical. Este é o principal referencial anatômico determinante do limite apical de limpeza, modelagem e obturação dos canais radiculares, o qual mantém forte correlação com o sucesso clínico, radiográfico e histológico do tratamento endodôntico.
Estudos demonstram que o terço apical apresenta as maiores complicações anatômicas, a exemplo de curvaturas e atresias, salientando-se também a variável posição do forame principal, em relação ao ápice radicular. Na clínica endodôntica, o exame radiográfico periapical oferece uma posição imprecisa do instrumento endodôntico em relação ao forame, embora seja o recurso rotineiramente utilizado, e até então,
insubstituível.
A constrição apical é frequentemente descrita como o ponto a que deve estender a obturação do canal radicular. Ponce e Fernandez (2003) avaliaram histologicamente a localização da junção cemento-dentinária e o diâmetro do forame apical do canal radicular em dentes anteriores superiores. Os resultados mostraram que a junção cemento-dentinária é simplesmente o ponto no qual convergem dois tecidos no interior do canal radicular, e que é suscetível a modificações dependendo de cada situação clínica particular e sobre as extensões diferentes do cemento no canal radicular. A constrição apical e o forame apical não são confiáveis marcos anatômicos para o comprimento de obturação apical no final, e seu uso para calcular o comprimento
de obturação pode resultar em danos aos tecidos periapicais.
O limite de obturação poderia afetar o sucesso do tratamento endodôntico, embora os prognósticos sejam piores quando há sobreobturação ou subobturação significativa. (In: Discrepância entre método convencional de odontometria com referência padrão)

Caso Clínico:

Histórico: Homem, 25 anos. Chegou a clínica integrada da FO, UFG, para reabilitação do elemento 44.

Radiograficamente: Após o preparo, proximidade com o tecido pulpar.


Hipotese diagnóstica: Nenhuma patologia, tratamento por indicação protética
Tratamento: Biopulpectomia, em sessão única.
 Em detalhe a posição do ápice anatômico, com o trajeto da lima.
Instrumentação manual final: Biomecânica lima 40.  olução de hipoclorito a 1%.
 Técnica de Obturação: Condensação lateral e vertical

Em detalhe, a posição do limite da obturação dando margem a interpretação equivocada, de possível desvio e ou limite aquém do ápice radiográfico.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Calcificação do canal radicular

O tratamento endodôntico convencional se torna dicícil devido a várias anomalias congênitas ou adquiridas. As calcificações podem ser didaticamente divididas em verdadeiras e falsas. As primeiras são resultados da ação dos odontoblastos, que por algum estímulo, passam a depositar dentina, diminuindo ou modificando a forma e o volume da cavidade pulpar. Dentre os estímulos podemos citar a presença de cárie, abrasões e atrições, bruxismo e a ocorrência de traumatismos dentais. Neste último caso, pode-se verificar que a luz do canal pode apresentar-se totalmente obliterada na imagem radiográfica É importante salientar que dificilmente esta calcificação é completa, pois como vimos, ela é fruto da ação de odontoblastos, então deve existir pelo menos o espaço ocupado por ele. Isto explica por que em alguns casos, não visualizamos radiograficamente a luz do canal radicular mas o dente apresenta lesão apical. O que acontece, via de regra, é que a luz do canal é tão estreita que o nosso menor instrumento é muito volumoso para acessá-lo. A chamada calcificação falsa é resultado da deposição de sais de cálcio em áreas de microabscessos intra-pulpares. Formam-se verdadeiros nódulos no interior do conduto, que podem dar a impressão de que este está totalmente obliterado. Denominamos de falsos nódulos, pois eles não estão aderidos às paredes dentinárias. Estes nódulos estão relacionados à processos crônicos como patologias periapicais, cáries crônicas e até mesmo alterações vasculares sistêmicas, como por exemplo arteriosclerose.(IN:ENDONLINE)
Caso Clínico:

Histórico: Mulher, 69 anos. Chegou ao consultório encaminhado para fazer o tratamento endodotico do elemento 24. Relatava dor e não tinha nenhuma alteração clinica visível. O teste de vitalidade pulpar positivo, com resposta exacerbada.

Radiograficamente: Observou um preparo para protese fixa em dente vital.

Tratamento proposto: Biopulpectomia

Instrumentação manual final: Biomecânica lima 40, Vestibular, 40, Palatino.
Solução de hipoclorito a 5,25%.
 Técnica de Obturação: Condensação lateral e vertical


domingo, 1 de agosto de 2010

Regressão de lesão periapical

O princípio terapêutico de qualquer doença inflamatória geralmente caracteriza-se pela identificação e eliminação da causa. No caso dos granulomas periapicais com o tratamento endodôntico adequado caracterizado pelo preenchimento do canal radicular e, se possível, dos canais acessórios, haverá a eliminação do agente agressor representado pela microbiota do canal radicular infectado. As bactérias e seus produtos que porventura permaneçam em pequena quantidade, frente ao potencial agressivo inicial, tendem a ser neutralizados pelos produtos empregados na terapêutica endodôntica, fundamentada no preparo biomecânico, juntamente com a solução irrigadora, antibióticos e especialmente do hidróxido de cálcio.
Em 60 a 70% dos casos de tratamento endodôntico de dentes com necrose pulpar e lesão periapical crônica o sucesso caracteriza-se pela regressão da lesão ao longo de alguns meses do ponto de vista radiográfico. Porém, o processo de ossificação e reorganização tecidual periodontal apical inicia-se assim que terminado o tratamento endodôntico adequado. O exsudato inflamatório em alguns dias será reabsorvido pelas células inflamatórias juntamente com restos teciduais, celulares e microbianos. As células inflamatórias darão lugar em alguns dias e semanas às células jovens e proliferantes advindas dos tecidos vizinhos como o ligamento periodontal e o endósteo. Espera-se que ao longo de 3 a 4 semanas o tecido esteja em franco processo de reorganização estrutural e o componente inflamatório reduzido a pequenos focos com a finalidade de limpeza destas regiões. Sem os mediadores do processo inflamatório as unidades osteoremodeladoras e seus clastos são desmobilizadas e as superfícies reabsorvidas voltam a ser recobertas por cementoblastos proliferantes das áreas vizinhas, voltando a formar tecido cementóide ou osteocemento, reinserindo fibras periodontais para restabelecer uma normalidade funcional ao periodonto apical. Entretanto, apenas depois de alguns meses radiograficamente a região pode voltar ao “normal”. (IN: DENTAL PRESS)

Caso Clínico:

Histórico: Homem, 32 anos. Chegou ao consultório encaminhado para fazer o tratamento endodotico do elemento 36. Não relatava dor e não tinha nenhuma alteração clinica visível. O teste de vitalidade pulpar deu negativo.

Radiograficamente: Observou uma lesão cariosa extensa na distal da coroa. Observou-se a ausencia da integridade da lamina dura e uma discreta lesão radiolúcida na raiz dista.


Tratamento proposto: Tratamento endodontico em 2 sessões.
Instrumentação manual final: Biomecânica lima 40 Distal, 35 Mesiais.
Solução de hipoclorito a 5,25%.
Medicação sistemica: Amoxicilina 500 mg por 7 dias.

Técnica de Obturação: Híbrida de Tagger com cimento endodontico Endofill (Dentsply).

Após 8 meses paciente voltou para fazer um preparo de conduto e notou-se a presença de lâmina dura integra e ausência de alteração periapical.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Retratamento endodôntico convencional e/ou cirurgia parendodôntica?


Segundo Estrela et al.(2001) a determinação do sucesso em endodontia obedece a critérios definidos, envolvendo o exame clínico, o exame radiográfico e análise histopatológica. O profissional dispõe como recursos o controle longitudinal, baseado unicamente nas características clínicas (sinais e sintomas) e nos aspectos radiográficos.
Já segundo Bender et al, existem alguns critérios clínico-radiográficos representativos de sucesso do tratamento endodôntico: 1. Ausência de dor e edema; 2. Ausência de drenagem e fechamento de fístula; 3. Dentes em função com fisiologia normal; 4. Desaparecimento de rarefação óssea periapical.
Segundo Friedman e Stabholtz, do ponto de vista endodôntico, toda vez que surge um insucesso, a opção recai sobre duas condutas básicas: a cirurgia perirradicular ou o retratamento endodôntico convencional, que, quando bem indicados, proporcionam um bom prognóstico. Sendo que a escolha entre uma ou outra opção depende de fatores como: Acesso ao canal; localização e situação anatômica do dente; envolvimento com peças protéticas; qualidade do tratamento endodontico anteriormente realizado; e envolvimento periodontal.
Lopes et al.(2004) estabelecem que o retratamento deve ser indicado quando o tratamento inicial: 1. Mediante exame radiográfico, apresentar obturação inadequada; Por meio do exame clinico, apresentar exposição da obturação de um canal radicular ao meio bucal por mais de 60 dias; 3. E por falha do exame clinico e ou radiográfico.
 Ainda dentro da terceira indicação clinicamente: Persistência de sintomas; desconforto a percussão e palpação; fístula ou edema; mobilidade; impossibilidade de mastigação. Radiograficamente: presença de rarefação óssea em áreas perirradiculares previamente inexistentes, incluindo rarefações laterais; espaço do ligamento periodontal aumentado em mais de 2mm; ausência de reparo ósseo em uma rarefação perirradicular; aumento de uma área radiolúcida; não formação de uma nova lâmina dura; e evidencia de progressão re uma reabsorção radicular.

Caso Clínico:

Histórico: Mulher, 27 anos, foi encaminhada ao consultório, devido à presença de uma fístula na região do dente 12. Ausência de dor espontânea e também à percussão.

Radiograficamente: Observou a presença de tratamento endodôntico prévio, com falta de material obturador na região apical e deficiência de condensação lateral. Imagem radiolúcida sugestiva abscesso periapical crônico.
 17/06/2008
Tratamento proposto: Retratamento endodôntico com trocas mensais de Pasta de Hidróxido de Cálcio.
 17/06/2008
Desobturação: com Brocas de Gates-Glidden 4, 3, 2 e 1 até terço médio. Terço apical limas manuais, 40, 35 e 30.
Reinstrumentação manual com lima final 70.
Solução de hipoclorito a 5,25%.
Medicação Utilizada: Hidróxido de Cálcio, iodofórmio (proporção 3:1) e PMCC, veículo soro fisiológico.

  07/10/2008
04/11/2008
Técnica de Obturação: Condensação lateral com cimento endodontico Endofill (Dentsply).
2/12/2008
 2/12/2008
8/07/2009

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Retratamento endodôntico

A Endodontia é a ciência e a arte que envolve a etiologia, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das repercussões na região periapical e, conseqüentemente, no organismo. Esta exige do Cirurgião Dentista experiência clínica e senso profissional, além de recursos tecnológicos que propiciem vantagens na relação custo/ benefício para se alcançar o sucesso endodôntico; muitas vezes para o mesmo, sendo recomendado o retratamento endodôntico antes de outros tipos de intervenções cirúrgicas invasivas.
O retratamento endodôntico é um procedimento realizado num dente que foi submetido a um tratamento que resultou em uma condição que requer um novo tratamento endodôntico para obtenção de um resultado satisfatório. O objetivo do retratamento endodôntico é realizar uma terapia endodôntica, a fim de tornar o dente tratado novamente funcional e confortável, permitindo o reparo completo das estruturas de suporte.
Uma condição para o sucesso do retratamento endodôntico é a limpeza adequada dos canais radiculares, logo, deve ser dada atenção especial à técnica empregada para a remoção do material obturador, que normalmente são os cimentos endodonticos a base de Ca(OH)² e oxido de zinco, as pastas e os cones de guta–percha; e as vezes são cones de prata com cimentos protéticos, o que dificulta a remoção. No retratamento temos que atingir o comprimento real de trabalho e remover completamente o material obturador, fazer a limpeza do canal radicular e a obturação final. (In: Artigos: http://www.apcd-saocarlos.org.br/arquivos/artigos/desobturacao.pdf)

Caso Clínico:

Histórico: Homem, 24 anos. Chegou ao consultório relatando dor provocada, localizada, com maior incidência durante a mastigação ou ao toque. Região do dente 37.

Radiograficamente: Observou a presença de tratamento endodôntico prévio, com falta de material obturador nos canais mesiais e sobreobturação no canal distal. Imagem radiolúcida sugestiva de lesão periapical.
Tratamento proposto: Retratamento endodôntico.
Uso do ultrassom Jet Sonic (Gnatus) com inserto ET20, juntamente com o uso de uma sonda exploradora reta (ODUS). Para remoção do núcleo de preenchimento de resina.
Uso de localizador apical, Root Zx II (J Morita).
Instrumentação Rotatória: Motor X-Mart (Dentsply).
Desobturação: Limas protaper para desobturação(D1, D2 e D3).
Reinstrumentação Rotatória: Limas easy pro-designe.
Instrumentação manual final: Biomecânica lima 40 Distal, 35 Mesiais.
Solução de hipoclorito a 5,25%.

Técnica de Obturação: Híbrida de Tagger com cimento endodontico Endofill (Dentsply).


quarta-feira, 5 de maio de 2010

Quarto canal em primeiro molar superior

A evolução da endodontia

Por anos, a endodontia vem evoluindo de uma forma, que faz com que cada dia que passe, os resultados vem se tornando cada vez mais positivos e os prognósticos mais favoráveis. As inúmeras técnicas, sendo aprimoradas e a tecnologia cada dia mais avançando rumo ao auxilio do tratamento endodontico, fez com que os estudos se convergissem aos motivos das falhas endodonticas.

O uso de aparelhos eletrônicos como localizador apical, que te traz uma maior segurança em obter o CRD, as limas rotatórias de NITI que ajudam no preparo biomecânico de canais com curvaturas acentuadas e os aparelhos de ultrassom que auxiliam na remoção de instrumentos fraturados, na localização dos canais e na remoção de retentores intra-radiculares. Toda essa tecnologia nos faz crer que o tratamento endodontico ficou mais fácil. Porém, isso não se torna uma verdade absoluta, pois com o avanço dos estudos o tratamento de canal foi transformado em tratamento do sistema de canais radiculares.

Isso acontece, pois, com a disputa tecnologia X sistema de canais, os insucessos ainda estão presentes em muitos casos. Vários fatores são levados em consideração, porém existe um que considero de muita importância. A variação anatômica do sistema de canais radiculares.

Uma das variações anatômicas mais importantes e que pode levar a falha do tratamento endodôntico é a presença do quarto canal no primeiro molar superior. A maior parte dos primeiros molares superiores apresenta o canal mésio-palatino (quarto canal), e este, quando não tratado, pode ser a causa do insucesso do tratamento.


Segundo Ruy Hizatugo, Molares superiores geralmente possuem dois canais na raiz mesio vestibular – canal MV e MP. Histologicamente, as pesquisas têm mostrado canais MP em aproximadamente 100% dos casos. Porém, clinicamente, o canal MP é identificado e tratado em cerca de 80% dos casos sem o uso de microscópio operatório e cerca de 90% dos casos com o auxílio de microscópio e pontas ultrasônicas.

Sendo assim, porque não se tem insucesso em primeiros molares superiores que não foi tratado o canal mesio palatino? Isso acontece, pois apenas 14% dos casos: dois canais independentes na raiz mesiovestibular.




quinta-feira, 29 de abril de 2010

TCLE - Termo de Cosentimento Livre e Esclarecido em endodontia

Bioética e odontologia

"Uma das principais preocupações atuais da bioética trata exatamente da relação entre o profissional de saúde e o paciente no que concerne ao uso do poder adquirido pelo saber de um, em detrimento da liberdade do outro. É necessário que o profissional saiba administrar este poder de maneira a não interferir na individualidade de seu paciente.
O uso do consentimento livre e esclarecido é um instrumento fundamental para a comunicação entre o paciente e o profissional de saúde, capaz de proporcionar uma relação mais honesta e transparente. O cirurgião–dentista não deve ater–se somente aos aspectos legais que o consentimento informado sustenta, transformando–o num documento burocrático para evitar possíveis processos legais que porventura possam ocorrer.
Segundo Soares, Mota, Gravina, o profissional de saúde não tem o direito de intervir em seu paciente sem o consentimento deste, ainda que em seu benefício.
No caso do cirurgião–dentista, para que a intervenção seja feita, é preciso que o paciente consinta de forma autônoma, livre e esclarecida. O cirurgião–dentista não deve assumir sozinho os riscos inerentes ao tratamento; deve sim, compartilhar todas as informações, o que resultará no respeito à autonomia da vontade do paciente.
Antes de se iniciar qualquer procedimento, o profissional deve, então, informar seu paciente sobre todos os passos, os objetivos, os possíveis riscos e as conseqüências de sua intervenção. Somente após tal comunicação, o sujeito estará apto a fornecer um consentimento livre e esclarecido. O consentimento informado nada mais é do que a garantia de que houve comunicação entre profissional e paciente e que se chegou a um entendimento sobre a intervenção a ser realizada. Isto deve ser específico para cada procedimento. Segundo Fortes, a informação é a base da fundamentação das decisões autônomas dos pacientes, necessária para que o paciente possa consentir ou recusar–se a medidas ou procedimentos de saúde a ele propostos. A informação gerada nas relações entre os profissionais de saúde e seus pacientes constitui direito moral e legal destes últimos."
(IN: MALUF, Fabiano et al . Consentimento livre e esclarecido em odontologia nos hospitais públicos do Distrito Federal. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 6, Dec. 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232007000600034&lng=en&nrm=iso>. access on 29 Apr. 2010. doi: 10.1590/S1413-81232007000600034.)

Sendo assim, resolvi postar um modelo que é usado nos meus atendimentos.
Para fazer o download deste documento para edição, clique aqui:

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tratamendo endodôntico em dente com nódulo pulpar

Nódulos pulpares são alterações do tecido pulpar, apresentando-se como massas calcificadas, presentes em dentes íntegros, cariados, traumatizados e até dentes inclusos, normalmente constituindo-se um achado radiográfico. De tamanho e formas variadas, chegam a obstruir totalmente a câmara pulpar, dificultando o acesso aos canais radiculares. (IN: Nódulos pulpares: aspéctos clínicos e morfológicos)

Caso Clínico:

Histórico: Homem, 28 anos. Chegou ao consultório relatando dor espontânea e pulsátil, localizada, com maior incidência durante a noite e com contato de alimentos frios.

Radiograficamente: Observava uma imagem radiopaca, indicativa de restauração protética no elemento 46, muito próximo a câmara pulpar, sem alteração visível na região periapical. Foi inicialmente identificada uma alteração anatômica na camara pulpar.

Hipótese Diagnóstica: Pulpite Irreversível.

Tratamento proposto: Tratamento endodôntico em sessão única.

Uso do ultrassom Jet Sonic (Gnatus) com inserto ET20. Para remoção dos nódulos pulpares, juntamente com o uso de uma sonda exploradora reta (ODUS)
Uso de localizador apical, Root Zx II (J Morita).

Instrumentação Rotatória: Motor X-Mart (Dentsply), sistema de limas Easy Pró-Design.
Instrumentação manual final: Biomecânica lima 40 Distal, 35 Mesiais.
Solução de hipoclorito a 5,25%.

Técnica de Obturação: Híbrida de Tagger com cimento endodontico Endofill (Dentsply).